segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Green Rock Festival
- por Luciano Zimbrão -

Uma loucura. Era assim que muitos viam o desenrolar do projeto do jovem empreendedor Gabriel Immendorff. A idéia inicial era de se fazer um festival de rock que, durante 2 dias, abriria espaço para  bandas locais que se apresentariam abrindo os shows para bandas de renome nacional.


Com essa idéia cabeça, Gabriel iniciou uma peregrinação em busca de parcerias que viabilizassem a execução do projeto e, a medida que as negociações progrediam, o produtor passou a sonhar ainda mais alto.


Preocupado com a dinâmica dos shows, ele concluiu que seriam necessários 2 palcos para que o intervalo, entre as atrações, fosse o mais curto possível. Decidido isso, surgiu a idéia de se trazer mais de uma grande banda para cada noite. Foi assim, aprendendo na prática e sonhando cada vez mais alto que se desenhou o Green Rock Festival, evento que reuniu Frejat, Kid Abelha, Skank, Charlie Brown Jr., Detonautas, Marcelo D2, Cidade Negra e Lulu Santos, além dos não menos talentosos Sob Efeito, Tio Sam Disse, Casebre e Dona Joana.


Dada a proximidade com o Rio, o clima europeu e o espaço físico para o evento, Petrópolis foi escolhida para sediar a 1ª edição que aconteceu no Parque de Exposições de Itaipava, nos dias 24 e 25 de agosto, tudo transmitido ao vivo pelo Multishow que, com suas gruas, deu um show paralelo num espetáculo de imagens que também eram acompanhadas através dos telões nas laterais dos palcos.


 O sol ainda se punha quando as primeiras bandas subiram ao palco. Os petropolitanos do Casebre  abriram o evento e impressionaram com a autenticidade de um set autoral que carimbou moralmente a banda para o estrelato.


Findada a saideira, no outro palco montado no extremo oposto do parque, os cariocas do Dona Joana iniciavam seu show. A banda, que nasceu de um trabalho montado para uma peça de teatro no Rio, chamou a atenção do país ao apresentar sua releitura de Saudade Bandida, da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.


Com muitas cores e irreverência, Dona Joana deu seu recado e, junto com o Casebre, abriu com chave de ouro o Festival. Na seqüência do primeiro dia, o Kid Abelha apresentou os sucessos das últimas 3 décadas de banda.


Paula Toller, que deve ter se embriagado na fonte da juventude, mais uma vez contou com o coral do público que, a essa altura do campeonato, já lotava o  parque. Não muito distantes, casais de namorados assistiam a tudo, sentados na grama, sob as árvores.


Romantismo posto, os mineiros do Skank deram seqüência ao pop rock e foram os primeiros a levantar poeira no evento. “O rock Brasileiro tem seu valor. Somos nós contra o mundo”- anunciou Samuel Rosa.


No outro palco as luzes ainda estavam apagadas quando a voz  inconfundível do seu vocalista não deixava dúvidas: O Charlie Brown estava na área.


Antes mesmo do início da apresentação, os fãs da banda já se aglomeravam na frente do palco, portando faixas com o nome da banda.


Dos primeiros acordes até a saideira, o público foi uma extensão do que se via no palco, o que levou Chorão a desabafar: “Tu vê... e não indicam a gente pra po##a nenhuma” – em referência aos prêmios de música no Brasil.


Missão difícil teve o Frejat a quem coube dar seqüência ao espetáculo após a arrebatadora apresentação da banda de Santos.


Entre sucessos da carreira solo e do Barão Vermelho, Frejat também apresentou releituras de alguns clássicos da MPB, fechando a 1ª noite do Green Rock.


 No sábado foi a vez dos petropolitanos do Sob Efeito abrirem o evento.


 No repertório, clássicos do Alice in Chains, Pearl Jam, Led Zepelin, AC/DC e outras bandas consagradas, além de composições próprias. Destaque pro guitarrista que não escondia a empolgação de tocar num evento desse porte.


A segunda atração da noite foi da banda, não menos petropolitana, Tio Sam Disse que também desfilou clássicos do rock, preparando o público para os Detonautas.


“Acende o beck”- disse Tico Santa Cruz abrindo a seqüência de apresentações que se deram sob um aroma agri-doce.


A banda foi a mais pesada da noite e contou com a participação do público que se aglomerava em frente ao palco mesmo antes dos músicos chegarem no parque. “Corrupção é crime hediondo”- anunciavam os telões enquanto Tico & Cia davam seu recado.


A banda também tocou sua versão de Kiling In The name , do Rage Against The Machine, coroando a música como a mais executada do festival.


Na seqüência, foi a vez do reggae do Cidade Negra novamente confirmar a banda como uma das melhores do gênero no Brasil.


Tony Garrido não economizou a voz, cantando como se fosse seu último show e fez um apelo para que os políticos permitam que o dinheiro dos impostos se reverta em ajuda para as cidades da região serrana, atingidas pela catástrofe de janeiro de 2011.


“Liberdade pra dentro da cabeça” foi só um aperitivo pro que estava por vir. Marcelo D2 não estava sozinho e foi do hip hop ao samba com a empolgação de um menino.


O músico ainda trouxe a boa nova: No final do ano, o Planet Hemp volta aos palcos. “Não existe essa história do Planet voltar mas a gente vai fazer uns showzinhos” – ironizou D2 antes de executar alguns clássicos da velha esquadrilha da fumaça. Destaque pro Beat Box e pra versão de Coleção, do Cassiano. “Adoro cantar Cassiano. Quanto mais eu bebo mais eu gosto de cantar Cassiano” – frisou ????, o D2. Era meia noite quando Lulu Santos subiu ao palco iniciando um dos shows mais conceituados do Brasil.


Com 35 anos de sucessos ininterruptos, o músico desfilou seus hits marcados por riffs executados nas 16 (dezesseis!) guitarras usadas na apresentação que contou com o maior público do festival, encerrando com chave de ouro o evento.


 Alguns pontos negativos merecem ser revistos para a próxima edição. Os banheiros químicos, que possuem uma cobertura translúcida para a penetração da luz, não contava com a iluminação adequada e o resultado confirmou a dificuldade humana na pontaria urinária.


A alimentação seguiu os exemplos de grandes festivais como o Rock in Rio e apesar de estarem deliciosos, os cachorros-quentes, por exemplo, doeram no bolso do público que teve que desembolsar oito reais para ter acesso ao alimento.


Uma lata de cerveja Itaipava, saía por cinco reais. Apesar disso, o público não deixou de consumir e isso levou a outro problema. As lixeiras não foram suficientes e o lixo tomou conta do parque.


Muitas reclamações também da imprensa que, na segunda noite, foi barrada na área vip, fazendo com que os profissionais pagassem até pela água consumida durante a cobertura.


O transporte público também merece maior atenção pois a empresa responsável não dispôs linhas extras para atender o evento, fazendo com que muita gente ficasse refém dos táxis que em Petrópolis parecem ser uma boa fonte de renda. Do Hotel Vale Real, onde foram entregues as credenciais de imprensa, até Pedro do Rio, onde ficamos hospedados, numa corrida que não levou 10 minutos, desembolsamos 65 reais.


O palco montado para a música eletrônica reuniu vários DJ’s famosos porém, durante todo o evento, poucas pessoas se interessaram no assunto.


 O evento transcorreu sem maiores problemas e os seguranças foram suficientes para controlar os pequenos tumultos. As grades de segurança eram muito robustas e contavam, na parte interna, com elevações que permitiam que os seguranças observassem o público de um ângulo mais alto.


A assessoria de imprensa deu um show de profissionalismo garantindo todas as condições para o trabalho desses profissionais.

Dos primeiros contatos até os últimos acordes, Juliana, Caroline, Ana e Tatiana, as meninas da Amora Mais Comunicação, cuidaram pra que nada faltasse à imprensa.


Já na entrega das credenciais, um kit com camiseta e informações a respeito do festival foi entregue aos profissionais.


 Foi assim, do sonho à realização, que se deu o Green Rock Festival, evento que, já na 1ª edição, se consagrou como o que há de melhor no gênero, no Brasil. Os organizadores já anunciaram que no próximo ano atrações internacionais subirão a serra... Vida longa ao rock’n roll.